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Foto do escritorCaio Abi-Ramia

Afinal, o que são prosumidores?

Atualizado: 13 de out. de 2021

Se você conhece a Semente certamente já ouviu ou leu essa palavra. Muitas pessoas não conhecem e perguntam o que significa, e porque usamos no nosso slogan. Nesse post você vai entender!


trabalho de marcenaria com serrote

Com a sociedade em um tempo de evolução sem precedentes é natural que a forma de consumir, hoje a principal atividade que move a humanidade, também evolua. Como bem posto pelo sociólogo George Ritzer, paramos de produzir e passamos a consumir, transformando nossas comunidades em catedrais de consumo. Seres humanos sempre foram produtores, construtores, criativos e por isso conseguiram sobreviver mesmo sendo uma espécie mais fraca, do ponto de vista físico, que os outros animais. Não corremos muito, não temos um olfato bom, não temos visão apurada, mas conseguimos pensar, nos comunicar e produzir ferramentas que nos ajudam.


Nossa capacidade de comunicação, diferente de qualquer espécie, nos permitiu construir uma rede de acesso a informações de todo o mundo. Temos tantas informações hoje que nosso próximo desafio é achar uma maneira de sintetizá-las e usá-las a nosso favor, o que de alguma maneira já vem sendo feito, ou pelo menos tentado.



“(...) quando as pessoas detêm o conhecimento e o capital produtivo a indústria tem que se diferenciar e entregar produtos de maior qualidade ou ela morre.



Devido a todas as informações e tecnologias de que dispomos a indústria se adaptou, e hoje pode-se dizer que já vivemos na era da Indústria 4.0, que é caracterizada pela extrema robotização e customização em massa. No entanto isso não é um assunto tão recente assim. Nos anos 80 Alvin Toffler cunhou a palavra "prosumer", em português prosumidores, que vem da união de produtores e consumidores para descrever um novo ator nessa sociedade. Ainda segundo Toffler a produção em massa e estandardizada estaria saturada, e para a maximização dos lucros a indústria teria que migrar para a customização em massa, onde os papéis do produtor e consumidor seriam cada vez mais indistintos.


curso de marcenaria rj

O termo começou a ser usado primeiramente da indústria pontocom na era da internet, que simbolizavam itens produzidos por consumidores, como por exemplo o sistema operacional Linux e a enciclopédia online Wikipedia. Passou depois a ser usado também pelo movimento maker, que surgiu com o barateamento de máquinas e ferramentas antes exclusivas da indústria, e agora pode ser exemplificado em inúmeras áreas como, redes sociais, criptomoedas, desenvolvimento de produtos, crowdsourcing, etc.

Atualmente um consumidor profissional também é considerado um prosumidor, ou seja, alguém que passa muito tempo online e conta com uma rede pessoal grande, se dedicando a advogar e expressar opiniões em relação à produtos que compra ou ganha. O que se observa é que o consumidor em todas as áreas da indústria deixou de ter um papel exclusivamente passivo para ter um papel primordial e ativo na construção de marcas, produtos e serviços.


Basicamente qualquer coisa que se faça online hoje, além de estar consumindo um serviço, o usuário estará também prestando um serviço, na maioria das vezes gratuito. Pesquisas, posts, textos, fotos publicadas são utilizadas para o crescimento das grandes redes que controlam grande parte do mercado mundial.


Movimento maker e prosumidores


Há alguns anos vimos o surgimento do movimento maker e do DIY, iniciativas que só aconteceram pelos seguintes motivos: Evolução e democratização tecnológica, ampla rede de compartilhamento e informações e um crescimento da língua inglesa pelo menos dentro dos países ocidentais. Explicando melhor, se alguém possui um conhecimento hoje pode ensinar através de um vídeo tutorial feito pelo celular, compartilhar na mesma hora numa rede que alcança o mundo inteiro e ainda com ferramentas simples pode ter seu vídeo legendado ou falado numa língua que pessoas de diferentes nacionalidade possam compreender. Isso permitiu que o acesso a ofícios antes relegados a poucos artesãos e entusiastas fosse colocado no holofote do mainstream.



A evolução tecnológica trouxe também a democratização de equipamentos antes destinados a indústria produtiva e que podem mudar para sempre a forma como consumimos. Impressoras 3D hoje são bastante acessíveis e podem dar luz à produtos feitos por qualquer pessoa em qualquer parte do mundo - por exemplo, eu posso imprimir hoje na minha casa um toyart feito por uma pessoa no Japão. Essas máquinas deixaram de imprimir somente filamentos plásticos e podem imprimir cerâmica, metal e até concreto, diversificando o tipo de objetos que podem ser desenvolvidos globalmente (até mesmo em parceria) e produzidos localmente (na sua casa ou FabLab mais próximo de você). Essa evolução afeta os consumidores e a indústria, um exemplo é a Nike que hoje pode pensar em como seria vender um projeto de tênis e você imprimir ele em 3D na sua casa. Além de impressoras 3D poderíamos falar de várias máquinas de corte CNC, para madeira, plástico, vinil, etc. que facilitaria esse movimento produtivo da indústria para a casa.




Por outro lado o movimento maker permitiu que algumas artes manuais tenham seu trabalho mais reconhecido e procurado por hobbistas, como a marcenaria, a cerâmica, a serralheria, a cutelaria, etc. O boom de prosumidores trouxe benefícios como crescimento de lojas (principalmente virtuais) com ferramentas e insumos de qualidade, maior valorização do trabalho executado, maior preocupação com o insumo a ser usado (por exemplo se vem de extração sustentável), crescimento de espaços de trabalhos compartilhados e até mesmo produtos de maior qualidade sendo produzidos. Ou seja, quando as pessoas detêm o conhecimento e o capital produtivo a indústria tem que se diferenciar e entregar produtos de maior qualidade, ou ela morre.



Todos os tipos de prosumidores estão crescendo e definirão o tipo de sociedade que queremos construir. Pode ser uma sociedade aberta, com menos patentes, mais pessoas fazendo e produzindo seus próprios produtos em casa, ou em FabLabs, que seriam algo comum e nos possibilitariam acesso à máquinas e ferramentas. Softwares seriam desenvolvidos em conjunto e poderiam ser usados para o benefício de todos, sem taxas exploratórias. Nessa sociedade, sem dúvidas mais sustentável, os produtos durarão mais tempo, sem a obsolescência programada, o transporte da matéria prima deixará uma pegada de carbono muito menor, pois a produção seria "on demand".


Eu viveria num mundo desse! E você?





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